Temor com reforma impulsiona avanço do dólar

7 de fevereiro de 2019 às 0h01

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Crédito: Marcelo Casal Jr/Abr

São Paulo – O dólar encerrou em alta frente ao real ontem, na casa dos R$ 3,70, com receios sobre a reforma da Previdência somando-se à maior cautela no exterior, com o mercado temendo uma possível nova paralisação do governo dos Estados Unidos. O dólar avançou 1,09%, a R$ 3,7065 na venda. Na máxima, a moeda chegou a R$ 3,7172 e, na mínima, bateu R$ 3,6840. O dólar futuro subia 0,97%.

Investidores adotaram tom mais cauteloso do que na véspera em relação ao andamento da reforma da Previdência do governo do presidente Jair Bolsonaro, inclusive vendo possibilidade de atrasos na tramitação e aprovação do texto.

Segundo operadores, há um crescente desgaste no Congresso, reflexo de posicionamentos contundentes de aliados de Bolsonaro mirando partidos da oposição, que pode minar as chances do governo assegurar os votos necessários para aprovar a reforma.

“Esses discursos agressivos da tropa de choque do governo Bolsonaro são ruins para o entendimento. O governo precisa de 320 votos, isso não é fácil. Não é o momento para esse tipo de discurso e isso reverbera no mercado”, afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

O mercado também não vê com bons olhos a divergência na fala de membros do governo sobre os principais pontos da reforma. Na terça-feira (5), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, declarou que a reforma pode ser aprovada até julho, mas que a tramitação seguirá o rito normal, dissipando esperanças de maior celeridade do texto. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou que a palavra final será de Bolsonaro, que ainda se recupera da cirurgia em São Paulo, sem previsão de alta.

O mercado passou a ver possibilidade de que a aprovação levará mais tempo do que o estimado por Maia, inclusive em função da internação de Bolsonaro.

“Acho que estão esperando a volta do presidente. Com isso, (Guedes e Bolsonaro) devem ter uma conversa mais firme, também com os presidentes do Senado e Câmara para ver como vão conduzir politicamente a aprovação disso, o que, na minha opinião, vai ser uma briga fantástica”, afirmou o consultor de câmbio da Albatross Corretora, João Medeiros.

Estados Unidos – No exterior, o foco foi o discurso de Estado da União feito por Trump, na noite de terça-feira, que não ofereceu grandes surpresas, mas não recuou sobre o muro na fronteira com o México. Isso reforçou o temor de nova paralisação no governo dos Estados Unidos, com Trump pedindo que democratas e republicanos encontrem um acordo até o prazo final de 15 de fevereiro.

O BC brasileiro vendeu na sessão 10,33 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Assim rolou US$ 2,065 bilhões do total de US$ 9,811 bilhões que vencem em março. (Reuters)

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