Vendas de imóveis comerciais sobem 155,56% na região Norte da Capital
24 de junho de 2021 às 0h29
A região Centro-Sul de Belo Horizonte não é mais o principal alvo de quem quer investir na compra de imóveis comerciais na cidade. De acordo com a vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário/Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Flávia Alves Santos Vieira, no primeiro quadrimestre de 2021, a região Norte da Capital foi a preferida entre os investidores belo-horizontinos, registrando um aumento de 155,56% de vendas de lojas, salas, lotes e galpões.
Os dados têm como base pesquisa realizada pela CMI/Secovi-MG, que comparou o primeiro quadrimestre de 2020 com os resultados computados entre janeiro e abril de 2021. Segundo Flávia, o estudo, já tradicionalmente promovido por esta instituição, pode ser considerado muito seguro por ser calcado no registro de Impostos sobre Transferência de Bens Imobiliários (ITBI), tributo que regulamenta a venda de imóveis
“Estes dados refletem informações concretas de vendas consolidadas. Sem o pagamento do ITBI, o comprador não é dono do imóvel”, explicou. O estudo também constatou o aumento de 35,34% nas vendas contabilizadas entre janeiro e abril de 2021 e o mesmo período em 2020.
Nos primeiros quatro meses foram registradas as vendas de 1.168 unidades comerciais em toda a cidade. E em 2020, neste mesmo período foram contabilizados 853 imóveis vendidos em toda a capital mineira.
Causas – O motivo para o aumento do volume de negócios, no entanto, não é tão positivo assim. Segundo análise da vice-presidente da CMI/Secovi-MG, este crescimento deve-se ao péssimo desempenho do primeiro quadrimestre de 2020, impactado, sobretudo, pela pandemia.
“O mercado começou a reagir a partir de junho/2020, em função tanto da segurança, propiciada pelo investimento em compras de imóveis em momentos de crise, quanto pela expressiva queda na taxa de juros”, informou.
Ainda conforme a pesquisa, as vendas de imóveis comerciais também foram mais expressivas em regiões como a Pampulha (112%), Leste (100%), Barreiro (83,33%), e em Venda Nova (44%,), do que na região Centro-Sul que registrou 40,65% das vendas, sendo seguida pela região Nordeste (27,69%).
“Fica difícil avaliar se está havendo uma migração dos lojistas da região Centro-Sul para outras regiões. O momento em que vivemos é muito atípico”, afirmou.
Locação – A pesquisa da CMI/Secovi-MG não fez um levantamento do mercado de aluguéis na capital, por entender que este segmento tem variações muito específicas. “Cada aluguel vence em uma data, cada caso é um caso”, explicou.
Com o Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) em alta de 32,03% em abril, Flávia explicou que as imobiliárias estão aconselhando aos proprietários de imóveis comerciais alugados a negociarem com seus locatários, aceitando dar descontos significativos nos reajustes dos aluguéis.
“Os proprietários que não estão aceitando negociar correm o risco de perder o locatário. Estamos em um momento de exceção por causa da pandemia”, afirmou
Enquanto o número de imóveis comerciais vendidos aumentou 35,34% em toda a Capital no primeiro quadrimestre deste ano, os preços dos imóveis entraram em queda.
Para se ter uma ideia, os imóveis vendidos acima de R$ 1 milhão representavam 14,25% do total nos primeiro quadrimestre do ano passado. No acumulado entre janeiro e abril deste ano, estas unidade passaram a representar 10,53%
Pandemia acelerou mudança de modelo de mercado
Proprietário da Ativa Imóveis e coordenador da regional Leste da CMI, Neison Silva de Souza acredita que a tendência de desvalorização das unidades comerciais em microrregiões como o Santo Agostinho, Gutierrez, Savassi e Centro é a anterior à epidemia.
De acordo com Neison Silva de Souza,mesmo antes da epidemia, com a terceirização, e a tendência à implantação do regime híbrido de trabalho, com home office , observado por ele há alguns anos, principalmente nos setores de informática, já impactou na venda de unidades na região Centro-Sul.
“A pandemia veio acelerar essa tendência. Então, muitas empresas estão investindo em salas menores que as que utilizavam. Acredito que o regime híbrido possa continuar sendo adotado durante a pandemia”, afirmou.
A mudança de muitos empresários para condomínios no Vale do Sereno, Vila da Serra em Nova Lima, na opinião de Souza, também estimulou a migração de lojas para estas regiões “É quase impossível encontrar lojas vagos para vender nestas regiões. A procura é muito grande”, afirmou.
Dificuldades de negociação dificultam permanência no Hipercentro
O presidente da Associação Comercial do Hipercentro, Flávio Flores, informou que muitos comerciantes dessa região fecharam suas lojas devido às restrições ao comércio durante a pandemia. De acordo com Flores, o faturamento do setor no primeiro semestre de 2021 está 30% abaixo do registrado no mesmo período em 2019.
“Com o IGPM acima de 30% e com a recusa de muitos proprietários em negociar seus imóveis, muitos comerciantes do hipercentro estão fechando suas lojas, ou buscando outras menores com o valor menor de aluguel”, afirmou.
Ainda conforme Flores, quem se adaptou ao comércio virtual saiu na frente. Mas, segundo o presidente da associação, os comerciantes do centro, do Barro Preto e da Savassi sofreram um duro golpe com o fechamento do comércio.
“Acredito que a situação possa melhorar no último trimestre, quando todos estiverem vacinados. Aí, as pessoas devem procurar mais o comércio de rua, dando preferência às áreas livres.
Savassi – Já a coordenadora do Movimento Viva Savassi, Sylvia Bragança Bersan, disse que desde 2011 os lojistas que integram esta entidade estavam investindo em ações conjuntas de venda. “Se você comprasse em uma loja ganhava um cupom de desconto na compra em outra loja. Isso nos ajudou muito”, afirmou.
Dona da Rachel Bersan, loja especializada na venda de roupas para mulheres com mais de 40 anos, a falta de demanda por seus produtos fez com que ela fechasse a loja presencial e investisse no e-commerce. “Com o fim dos eventos e o home office, as pessoas não estão comprando roupas, acessórios, sapatos. É só andar pela Savassi e você vai ver muitas lojas fechadas”, afirmou Sylvia.
A empresária acredita que a recuperação do comércio na Savassi vá acontecer com o fim da pandemia. “Acredito que o modelo híbrido vá continuar. Eu mesma vou voltar a ter loja presencial. O contato presencial entre comerciante e cliente é muito importante”, afirmou.