Há 16 anos encabeçando equipes de criação em grifes de importância nacional como Skazi e Lança Perfume, o estilista mineiro Eduardo Amarante vai lançar uma marca própria.
Baseado em Belo Horizonte, ele vai buscar os melhores polos produtivos para cada etapa do processo de confecção das roupas e a capital mineira será responsável pela alfaiataria.
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“Isso é o que de melhor fazemos aqui e o que de mais especial tenho em minha roupa: a alfaiataria. Existe um jeito mineiro de fazer as coisas que é a alma do meu produto, que é a minha expressão em cada peça. É uma coisa preciosa, de uma roupa que é trabalhada, ‘bordada’ em cada detalhe. Não é à toa que as grifes mineiras são marcas nacionais”, explica Amarante.
Foi durante a pandemia que a ideia de ter uma marca própria se transformou em coragem para empreender. Sem querer falar em valores, ele avalia a ousadia do investimento em uma época em que a maioria dos empreendedores está segurando custos e adiando lançamentos, impactados pela pandemia e a crise econômica.
“Em meio à pandemia entendi que estava cansado de estar à frente dos negócios dos outros. Fui criando coragem e vendo um mercado aflito por novidade. Tudo que plantei durante nesse meu caminho foi uma conexão grande com as clientes. Com essa energia criei coragem e estou fazendo meu novo caminho, com uma grife que leva o meu nome. Hoje em dia, a principal razão de um negócio é que as pessoas devem ter o preço ideal para o cenário. Acredito em uma moda mais plural. Quero atingir o máximo de pessoas, não deixando de ser de luxo”, afirma o empreendedor.
O objetivo é abrir um show room tão logo seja seguro voltar ao comércio físico. Por enquanto, todo o contato entre o estilista e os consumidores – lojistas ou pessoa físicas – continuará sendo feito pelas redes sociais, especialmente o Instagram. A moda feita por Amarante vai chegar ao público amplo por meio das multimarcas.
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“Esse é momento delicado e quero o mínimo de exposição minha e das minhas clientes, por isso o atendimento será digital. É hora de ter cuidado com o outro. Estou com saudades dos desfiles, de estar na loja com as pessoas, mas isso vai ficar para depois. A exposição virtual é um conceito novo. Quem conhece o meu trabalho, sabe que não é o photoshop que está melhorando aquela imagem. Tenho uma popularidade grande nas multimarcas. Estou feliz com os apontamentos que têm acontecido. Lancei minha etiqueta dentro do Instagram e minha vida agora é responder contatos de lojistas”, afirma.
Dedicado a vestir as mulheres, independentemente da idade ou das características físicas de cada uma, ele acredita no surgimento de uma nova consumidora, muito mais interessada em entender a história da peça e da marca do que em, simplesmente, ostentar uma novidade. Aliar inovação e perenidade é o desafio do criador de moda daqui para frente.
“Quero um conceito que não seja de temporada. A minha roupa não vai ter tempo, vai ser independente de estação. Até aqui, roupa mal nascia e já estava em liquidação. Quero algo mais durável. Nesse ritmo, o planeta não aguenta e nem o processo. A criação precisa de tempo. Quando você liga o automático as coisas perdem sentido. Eu visto mulheres. Sempre vai ter uma ocasião para a moda. Acredito em um mundo de cor na moda, assim como já aconteceu depois de crise graves que atravessamos”, completa o estilista.