Indicação para vice de Bolsonaro é barrada
Brasília – O general da reserva do Exército Augusto Heleno afirmou ontem, em entrevista à Reuters, que o Partido Republicano Progressista (PRP) barrou a indicação dele para ser o candidato a vice na chapa encabeçada pelo pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro, do PSL. Bolsonaro chegou a afirmar, em evento público no interior paulista na noite da última terça-feira (17), que iria anunciar o nome de Heleno como seu colega de chapa, segundo relato feito pelo presidente do PSL em São Paulo, o deputado federal Major Olímpio. No entanto, Heleno disse que na noite de terça-feira a cúpula do PRP, ao qual é filiado, se reuniu com ele em Brasília e definiu que o plano principal da legenda para a eleição de outubro é eleger deputados federais como forma de aumentar o tamanho do fundo partidário e o tempo de rádio e TV que o partido tem. Segundo o general, não houve qualquer mal estar pelo fato de o pré-candidato do PSL tê-lo anunciado antecipadamente e não foi colocada nenhuma restrição ao nome dele, mas, segundo a decisão da legenda, ser companheiro de chapa de Bolsonaro não iria acrescentar em nada aos objetivos do PRP. «O partido não tem interesse em abraçar uma candidatura a vice», disse Heleno à Reuters. O general afirmou que, logo após a decisão da cúpula do PRP, telefonou para Bolsonaro avisando-lhe que não seria companheiro de chapa dele. Heleno disse que não se sentia frustrado com a decisão da legenda. “Não tirou um minuto do meu sono. Era uma missão que poderia ou não acontecer”, disse. “Tenho a minha vida construída em cima de cargos conquistados pelos meus méritos”, completou. Heleno é filiado ao PRP do Distrito Federal e ficou nacionalmente conhecido por ter sido o primeiro comandante da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, missão de paz que teve a liderança militar do Brasil. Ministério – O general disse que não vai se candidatar a outro cargo eletivo em outubro, mas pretende continuar a ajudar na campanha de Bolsonaro. Questionado se assumiria um eventual ministério na gestão dele – foi cotado para a pasta da Defesa -, ele disse que não adianta pensar nisso agora. “Tem que ganhar antes”, afirmou. A pré-candidatura de Bolsonaro – líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso e deve ser barrado de concorrer pela Lei da Ficha Limpa – não conta com nenhum partido aliado até o momento. Por enquanto a legenda de Bolsonaro vai dispor de apenas 8 segundos do tempo do rádio e televisão em um bloco na campanha eleitoral de 12 minutos e 30 segundos. Aliados do candidato, contudo, minimizam essa ínfima presença na TV e apostam na forte presença dele nas redes sociais durante a campanha. Filosofia – A presidente estadual do PRP no Rio de Janeiro, Eliane Cunha, disse ontem, que a filosofia der Bolsonaro não combina com a sigla e, por isso, a candidatura do general da reserva Augusto Heleno para a vaga de vice na chapa nas eleições 2018 foi descartada. A desistência do partido foi considerada um revés para Bolsonaro, na mesma semana em que o senador Magno Malta (PR-ES) rejeitou convite semelhante. Eliane disse que o partido se sentiu honrado com o convite, mas que a aliança contraria alguns interesses do partido. “Nós nos sentimos honrados, ele é um deputado de mandato, mas contraria um pouco alguns interesses nossos regionais. Ainda não tomamos a decisão de quem será o nosso candidato a presidente. Ainda estamos verificando o que mais se adequa à nossa filosofia partidária, ao nosso discurso, mas Bolsonaro não combina, não dá», disse Eliane. Eliane afirmou que o deputado “vende outra ideologia”. “Às vezes não dá para nos alinharmos 100%. Agradecemos muito, mas lamentavelmente não é do nosso interesse essa chapa. Desejamos a maior sorte para ele e para o Brasil e que vença o melhor”, disse. O PSL avalia agora a possibilidade de a advogada Janaína Paschoal, filiada ao partido, ser candidata a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Ela é uma das autoras do pedido do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e estava cotada para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Outra opção, avalia o partido, seria lançar o presidente nacional do partido, Gustavo Bebianno. (Reuters/AE)
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