ESG: O marco da evolução empresarial

18 de dezembro de 2020 às 0h09

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Crédito: Freepik

José Francisco Dutra*

Nos últimos anos, empresas verdadeiramente comprometidas com práticas sustentáveis têm se sobressaído frente àquelas que não o fazem. O uso responsável dos recursos naturais, as boas práticas socioambientais e de governança passaram a ser fortemente valorizadas pelo mercado consumidor, de modo que as pessoas, de fato, têm atribuído maior valor às marcas e produtos que se identificam com estas práticas.

Nesse caminho, sem retorno, os princípios ESG (Environmental, Social and Governance) vêm ganhando força como o principal termômetro para medir o grau de comprometimento das corporações com a sustentabilidade nos aspectos ambiental, social e de governança, traduzindo a sigla do inglês.

Graças a essa nova métrica, empresas descompromissadas com as questões propostas pelos princípios ESG tendem a perder cada vez mais espaço e competitividade em seus segmentos, haja vista a intolerância, principalmente da nova geração, com ações que violem condutas éticas, humanas e ecológicas. A atitude de consumo dessa geração, inclusive, tem se mostrado implacável com deslizes que afetem o coletivo e se intensifica na luta em prol de um mundo melhor, mais justo e diversificado.

Agir em conformidade com os princípios ESG requer consonância das empresas com práticas básicas, tais como o consumo consciente de recursos naturais – água e energia, por exemplo -, o descarte adequado de resíduos, dentre outras iniciativas em benefício do meio ambiente. Também exige diversidade no corpo de funcionários, envolvimento com a comunidade local, segurança no trabalho e o cumprimento de medidas que garantam o bem-estar social. Além disso, contar com ações anticorrupção, mantendo a ética como balizamento para políticas corporativas, é uma das medidas que sustentam a governança no contexto do ESG.

Com isso, atender a tais premissas tem se tornado mais do que necessário para a sobrevivência das empresas. Além da boa imagem estampada aos clientes, a visão dos investidores para com empresas comprometidas com princípios ESG vem ganhando cada vez mais importância. Bancos e fundos de investimentos têm reservado porções cada vez mais significativas de seus recursos para concessão de crédito ou realização de investimentos somente em empresas que, efetivamente, adotem estas práticas.

Recentemente, players importantes como a BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo, e o Fundo Soberano da Noruega, o maior fundo soberano da atualidade, passaram a considerar métricas ESG como elementos fundamentais – e na maioria das vezes como critério objetivo de aprovação ou reprovação – em suas tomadas de decisão de alocação de investimentos. Dessa forma, corporações comprometidas com a sustentabilidade ganham duplamente, pois melhoram a percepção do consumidor sobre sua imagem, o que impacta positivamente em sua geração de receitas, e têm acesso a condições mais vantajosas junto a agentes financeiros, o que as tornam ainda mais competitivas em relação a seus concorrentes que não adotam práticas sustentáveis.

Portanto, práticas responsáveis nos quesitos ambiental, social e de governança não são somente desejáveis, mas verdadeira imposição às empresas no atual momento pelo qual passa o nosso planeta e a sociedade. A tomada de consciência pelas corporações de que seus objetivos não mais se restringem somente à métrica de lucro, na medida em que elas se identificam em um contexto mais amplo de seu propósito transformacional na sociedade, é a grande chave para esta mudança, garantindo respeito a todos os públicos e nichos com que se relaciona, inclusive as gerações futuras.

*Presidente do Conselho de Administração da Empresa Mineira de Geração Distribuída (EMGD)

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